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NATUREZA HUMANA 

O hibridismo e a vida pós-biológica na obra de Bromélio 

Rafael Fortes Peixoto
setembro de 2020 

Quais serão os limites entre o mundo biológico e aquele criado pela tecnologia humana?

Ou ainda, o que são essas fronteiras. As obras de Bromélio penetram esses mundos, relacionando-se numa espécie de vida pós-biológica, em que a natureza, o fazer humano e o fazer artístico misturam-se em formas integradas ao ambiente físico que estão inseridas. As suas esculturas parecem sugerir uma reflexão sobre a interação entre essas forças, e inserem-se no debate sobre a presença, e por que não, o impacto da ação humana sobre o nosso planeta. Para isso, Bromélio cria objetos escultóricos em que a natureza se faz presente na inserção de plantas, liquens e fungos ou na referência às formas orgânicas. O uso de materiais reciclados é fundamental em sua linha de pensamento, através do processo de resignificação de produtos de descarte, como pneus, latinhas e fitas de metal encontradas no lixo. Se do ponto de vista tátil, essas obras servem muitas vezes de local para o crescimento de vida biológica, no aspecto estrutural sempre trazem a sugestão de elementos fito mórficos, através de linhas, sulcos, dobras e vazados. O ambiente físico passa a fazer parte da composição formal dessas obras. Na obra “Rotundus meditator”, um emaranhado de fitas de alumínio reflexivo suspende-se entre duas árvores e ao mesmo tempo que provoca o estranhamento por sua presença massiva, se hibridiza com o entorno, através do espelhamento. Em “Caelestis moderatoris” essa relação dá-se pela penetração do olhar através das estruturas que lembram fitas de DNA. Já em outras obras, ele insere bromélias e plantas, criando um ambiente que irá desenvolver-se de maneira livre e independente da atuação do artista, ampliando e dividindo com o acaso o processo de criação da escultura. Essas dinâmicas fazem parte de um pensamento sistêmico de Bromélio que vem elaborando, em paralelo às esculturas, um verdadeiro diário de bordo que acompanha toda a sua pesquisa. Apesar de sua obra investigar essas interações, ela parece não carregar os ismos do certo e do errado. Mais do que isso, sugere um mundo correlacionado, em que a mão do homem, e nesse caso do artista, não tem menor ou maior importância do que o fluxo natural da vida biológica na Terra. A obra de Bromélio traz um relação, que longe de carregar os ismos do certo ou do errado, vê um mundo correlacionado, em que a mão do homem, e nesse caso do artista, não tem menor ou maior importância do que o fluxo natural da vida biológica na Terra. Quais serão os limites entre o mundo biológico e aquele criado pela tecnologia humana? Ou ainda, o que são essas fronteiras. Não a toa, a recorrência formal de conexões, entrelaçados, brechas e sulcos sugerem não só a apropriação de formas orgânicas na constituição de suas esculturas, mas também esse limiar tênue de mundos, permitindo, e às vezes propondo, que a peça seja ocupada por fungos, liquens e outras formas de vida natural. Em tempos de pandemia, em que a natureza se recupera a passos largos na ausência da opressora ação humana, a obra de Bruno traz um relação, que longe de carregar os ismos do certo ou do errado, vê um mundo correlacionado, em que a mão do homem, e nesse caso do artista, não tem menor ou maior importância do que o fluxo natural da vida biológica na Terra. 

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